PORTUGUÊS

O DISCURSO POLÍTICO


O discurso político é um texto argumentativo ou expositivo-argumentativo, fortemente persuasivo, em nome do bem comum, alicerçado por pontos de vista do emissor ou de enunciadores que representa, e por informações compartilhadas que traduzem valores sociais, políticos, religiosos e outros. Frequentemente, apresenta-se como uma fala colectiva que procura sobrepor-se em nome de interesses da comunidade e constituir norma de futuro. Está inserido numa dinâmica social que constantemente o altera e ajusta a novas circunstâncias. Em períodos eleitorais, a sua maleabilidade permite sempre uma resposta que oscila entre a satisfação individual e os grandes objectivos sociais da resolução das necessidades elementares dos outros. Hannah Arendt (em The Human Condition) afirma que o discurso político tem por finalidade a persuasão do outro, quer para que a sua opinião se imponha, quer para que os outros o admirem. Para isso, necessita da argumentação, que envolve o raciocínio, e da eloquência da oratória, que procura seduzir recorrendo a afectos e sentimentos. O discurso político é, provavelmente, tão antigo quanto a vida do ser humano em sociedade. Na Grécia antiga, o político era o cidadão da "pólis" (cidade, vida em sociedade), que, responsável pelos negócios públicos, decidia tudo em diálogo na "agora" (praça onde se realizavam as assembleias dos cidadãos), mediante palavras persuasivas. Daí o aparecimento do discurso político, baseado na retórica e na oratória, orientado para convencer o povo. O discurso político implica um espaço de visibilidade para o cidadão, que procura impor as suas ideias, os seus valores e projectos, recorrendo à força persuasiva da palavra, instaurando um processo de sedução, através de recursos estéticos como certas construções, metáforas, imagens e jogos linguísticos. Valendo-se da persuasão e da eloquência, fundamenta-se em decisões sobre o futuro, prometendo o que pode ser feito. discurso político. 


In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2008. [Consult. 2015-11-05]. Disponível em http://www.infopedia.pt/$discurso-politico 


Tempo: o tempo dominante é o presente. 

Destinatários: população em geral ou sectores da população; membros um determinado grupo, sindicato ou fação política;

Pessoa: o orador assume-se como parte de um grupo, uma fação (recorrendo à 1ª pessoa do plural (“nós”); 

Atos de fala: todos, embora prevaleçam o assertivo e o compromissivo;

Funções: persuadir, refutar, comprovar, debater uma causa, fazer valer um ponto de vista;

Mecanismos de coesão:  estabelecem-se entre factos, hipóteses, provas e refutações, com abundância de marcadores e conectores discursivos e de anáforas lexicais e gramaticais que articulam com rigor as partes do texto;

Recursos estilísticos: recurso a estruturas e estratégias próprias da comunicação de massas de teor oral (frases exclamativas, interrogações retóricas; apóstrofes, metáforas, alegorias, ironia…);

Tipologia textual: pode incluir modo narrativo e/ou descritivo, mas o que prevalece é a matriz argumentativa;

Linguagem corporal: olhar frontal e direto; postura formal, gestos largos, mímica controlada.



A.I.F.


O ENSAIO



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Um ensaio é o desenvolvimento de um pensamento pelo raciocínio. Espera-se que o autor expresse a sua posição pessoal sobre um dado problema, de forma lógica e pessoal, demonstrando a sua aptidão para raciocinar de forma independente, mesmo que se reporte e se socorra de posições de outrem.

O ensaio deve ser estruturado de acordo com as seguintes fases.

         1. Formular o problema e esclarecer de forma rigorosa o que está em causa.
         2. Mostrar a importância do problema.
         3. Apresentar o mais claramente possível a tese que se quer defender.
         4. Apresentar os argumentos a favor dessa proposição.
         5. Apresentar as principais objeções ao que acabou de ser defendido.
         6. Responder às objeções e tirar as suas conclusões.

Em 1 muitas vezes não basta formular o mais claramente possível o problema. Devemos também explicar as noções principais envolvidas. Quando, por exemplo, se pergunta se os animais têm direitos, é preciso saber exatamente que direitos são esses e dar exemplos concretos; assim como devemos deixar bem claro se nos estamos a referir a todos os animais (incluindo as carraças e as baratas) ou só a alguns. Do mesmo modo, quando discutimos se a existência do mal é compatível com a existência de Deus, temos de esclarecer que conceção de Deus temos em mente (se é o Deus dos teístas, dos panteístas, etc., e o que isso significa), pois há diferentes conceções acerca da natureza de Deus; assim como devemos esclarecer de que tipo de mal se está a falar.

Em 2 devemos procurar mostrar por que razão, ou razões, é importante que nos ocupemos do problema de que nos ocupamos. Uma maneira de fazer isso é mostrar o que estaríamos a perder se não o fizéssemos. Se, por exemplo, nos perguntamos se é imprescindível estudar lógica formal em filosofia e a nossa resposta à questão for afirmativa, então devemos mostrar que, se não o fizermos, não só nos arriscamos a cometer erros de raciocínio, mas também a não compreender os raciocínios dos outros.

Em 3 devemos apresentar a nossa posição. Isso deve ser feito mostrando qual é a proposição que irá ser defendida. Por exemplo, em relação ao problema de saber se a existência do mal é compatível com a existência de Deus, e caso a nossa resposta seja afirmativa, podemos tornar clara a nossa posição começando por dizer que defendemos a proposição "Deus existe, apesar de existir o mal no mundo" e explicar sucintamente o que isso significa. Em certos casos é possível e desejável apresentar exemplos do tipo de ideias que queremos defender.

Em 4 devemos apresentar cuidadosamente os argumentos a favor da proposição que queremos defender. Pode haver vários argumentos. Alguns deles podem até ser argumentos tradicionais, discutidos por alguns dos mais destacados filósofos. Nesse caso devemos concentrar-nos apenas nos dois ou três que nos parecem ser os mais fortes e expô-los por palavras nossas, tentando mostrar que são válidos e que as suas premissas são verdadeiras ou, pelo menos, que são bastante plausíveis.

Em 5 devemos enfrentar as principais objeções aos nossos argumentos (quer indicando possíveis contraexemplos ao que é afirmado em alguma das premissas, quer disputando a sua plausibilidade ou até a validade dos próprios argumentos). Devemos procurar as objeções que nos parecem mais fortes e não escolher apenas as mais fracas e fáceis de responder. Nesta parte pode ser útil apoiarmo-nos em algumas leituras sobre o tema que estamos a trabalhar.

Em 6 devemos dizer o que há de errado com as objeções avançadas anteriormente ou como responder-lhes. Devemos terminar resumindo muito brevemente o nosso argumento principal e a conclusão deve derivar naturalmente da discussão que apresentámos, impondo-se ao leitor como uma necessidade decorrente do que ficou exposto numa dependência lógica.


LUÍSA SUPICO


Orientações baseadas em:

http://filosofia.esmtg.pt/escrever_ensaios.html
Rei, Esteves J. (1994), in Curso de Redacção II, O Texto, Porto Editora, Porto.





Programas e Metas Curriculares Homologados



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