Levantar a Voz pelos Direitos (de quem os vê cerceados)
Proporcionar aos alunos o exercício pleno da cidadania é uma das grandes metas da educação no nosso mundo. Se um jovem consegue tomar posição crítica sobre um assunto e tem voz para a fazer chegar onde o poder mora, então podemos dizer que a sua escolarização produziu os efeitos que devia.
Porém não basta ter voz. É preciso tê-la audível. E, para isso, basta o domínio das capacidades discursivas e treino, muito treino da oratória e da argumentação, de forma a persuadir e convencer o interlocutor.
Por escrito, a arte da oratória transcorre do manejo seguro das palavras certas para a situação certa, palavras a que foram associados os operadores argumentativos, (o advérbio certo para mostrar que "ainda não" ou que "já não", talvez até "nunca" e que certas coisas "jamais"), a organização dos parágrafos, o marcador discursivo certo, o sentido apontado à finalidade de um texto - seja ela qual for - porque quem o escreveu quer ser entendido, sem sombra de ambiguidade.
Essa pessoa és tu!
Essa pessoa és tu!
Aqui ficam duas oportunidades para ergueres a voz sobre os que a não têm:
Dossier sobre os Direitos dos Animais
(para servir de
base à elaboração de um texto argumentativo)
Foto da Internet sem indicação da autoria
Inspira-te e denuncia o abuso de animais!
BECKERT, Cristina, «Direitos dos Animais» in Dicionário de Filosofia Moral e Política, Instituto de Filosofia da Linguagem, http://ifilnova.pt/file/uploads/25c5fae4b67a96497b1478fe1defb3fb.pdf AQUI
REAGAN, Tom,
«10 razões PELOS direitos dos animais e a sua explicação e 10 razões CONTRA os
Direitos dos Animais e as respectivas respostas que devemos fornecer como
ativistas da causa» in http://www.abolicionismoanimal.org.br/artigos/10razes.pdf. AQUI
Uma Carta pela luta dos direitos humanos
Consulta ESTA página:
http://visao.sapo.pt/actualidade/sociedade/2016-11-23-Mande-uma-carta-pela-luta-dos-direitos-humanos
Envia cartas aos governantes destes países!
http://visao.sapo.pt/actualidade/sociedade/2016-11-23-Mande-uma-carta-pela-luta-dos-direitos-humanos
Envia cartas aos governantes destes países!
visao.sapo.pt
Este
ano, a iniciativa da Amnistia Internacional, Maratona de Cartas, apela à
proteção de pessoas com albinismo no Malawi, ao perdão de quem agiu em defesa
do interesse público nos Estados Unidos, ao direito à liberdade de expressão
na Turquia e que fotografar não seja um crime no Egito.
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Principais tipos de argumentos e falácias informais
(Notas complementares)
PLATÃO
O
Mito da Caverna de Platão
O significado filosófico da Alegoria da Caverna de Platão
Platão escreveu esta alegoria há mais de
dois mil anos mas ela permanece importante para nós porque nos diz muito sobre
o que a filosofia é.
Em primeiro lugar, na alegoria, a
filosofia corresponde a uma atividade, a uma viagem que nos deve conduzir do
fundo da caverna em direção à luz. Sendo uma atividade, a filosofia não é um
simples conjunto de teorias. É evidente que os filósofos produziram muitas
teorias sobre muitas questões fundamentais. Mas não se trata em filosofia de
estudá-las para simplesmente as memorizar. Vais estudá-las, em vez disso, para
aprender como se faz filosofia. Ao compreenderes como alguns dos melhores
filósofos fizeram filosofia, ao considerares os problemas a que tentaram
responder com as suas teorias e o modo como construíram essas teorias terás ao
teu dispor um instrumento precioso para saber o que é filosofar e filosofares.
Em segundo lugar, a alegoria de Platão
mostra-nos que a filosofia (sair da caverna e regressar a esta) é uma atividade
difícil. Porquê? Porque a viagem que nos faz subir da caverna em direção à luz
exterior implica questionar as nossas crenças mais básicas, crenças que nos
parecem dados adquiridos e incontestáveis. Mais claramente, é difícil porque ao
questionarmos as nossas crenças fundamentais podemos ter de enfrentar a
incompreensão dos outros, das pessoas que se satisfazem com ideias feitas. É
difícil também porque exige disciplina intelectual, esforço crítico e
autocrítico. Vamos por partes.
Dispormo-nos a examinar as nossas
crenças mais básicas não é tarefa fácil porque pode fazer-nos chegar a
conclusões que a maioria dos membros da sociedade desaprovam e porque exige uma
atitude crítica que lança a dúvida sobre o que nos habituámos a considerar
verdadeiro. Por exemplo, a filosofia examina as crenças básicas nas quais se
apoia a religião quando pergunta Será que Deus existe? Que razões temos para
acreditar nisso? Há uma vida para além da morte? Também questiona as ideias
fundamentais que constituem os pressupostos das nossas relações sociais ao
perguntar O que é uma sociedade justa? Será que devemos obedecer a quem nos governa?
O Estado é uma instituição necessária? Estas questões podem ser consideradas
como desafios às ideias estabelecidas e falta de respeito pelo que a tradição definiu. Basta pensares nos problemas
que enfrentam os que defendem, por exemplo, a ideia de direitos dos animais.
A atitude filosófica é também difícil
porque exige que pensemos criticamente e rigorosamente acerca de crenças
fundamentais que nos foram transmitidas e que aceitámos de forma acrítica. Com
efeito, em muitos casos adquirimos ideias como quem contrai gripe, por
contágio. À semelhança do vírus da gripe, as crenças estabelecidas parecem
fazer parte do nosso ambiente e respiramo-las quase sem dar por isso. Assim, as
crenças que eram da nossa cultura tornam-se as nossas crenças.
Até podem ser verdadeiras e excelentes,
mas como havemos de o saber se as interiorizámos de forma acrítica, sem pensar?
Ao examinarmos as ideias básicas, nossas e dos outros, que se transformaram em
hábitos mentais, devemos como filósofos perguntar: O que justifica essas
crenças? Que razões temos para supor que são verdadeiras? Podemos definir a
filosofia como a atividade que critica e rigorosamente examina as razões
subjacentes às nossas crenças fundamentais. Sair da caverna é procurar
encontrar crenças fundamentais que sejam racionalmente justificadas.
Velázquez,
Manuel, Philosophy, A text with readings,
Wadsworth, 1999.
SIGNIFICADO FILOSÓFICO DA ALEGORIA DA CAVERNA
A alegoria da caverna fala-nos da
condição da maioria dos seres humanos no que respeita ao conhecimento e ao que
julgam ser a verdadeira realidade. Somos prisioneiros dos nossos hábitos, do que
nos transmitiram através da socialização. Temos a cabeça cheia de ideias ou de
crenças que não nos damos ao trabalho de examinar, de avaliar. Essa falta de
pensamento crítico faz com que tomemos por verdadeira uma crença sem nos
perguntarmos se há boas razões para a aceitar. Na alegoria, os prisioneiros representam o peso das ideias feitas e
recebidas sem análise racional. Estas são grilhões que atrofiam o pensamento.
Qual é o erro que os prisioneiros cometem? Consideram que as sombras são a
verdadeira realidade. Quer dizer, não sabem que as sombras são sombras. Quando
um prisioneiro se solta – o que significa que os prisioneiros são prisioneiros
por livre vontade, por comodismo, pensar diferente dos outros é difícil porque
detestamos ver postas em causa crenças a que estamos agarrados há muito –
distancia-se do mundo das sombras e pode assim ver as coisas, as sombras, com olhos
diferentes. Olha para as sombras e vê que elas são sombras de alguma coisa, que
não existem por si e por isso não são nem a única nem a verdadeira realidade. A
ascensão esforçada do ex – prisioneiro ao mundo exterior à caverna, é uma
transformação do seu modo de pensar. Adota um espírito crítico e transforma as crenças
da maioria em problemas. Os prisioneiros estão imóveis, passivos, porque
consideram incontestáveis as crenças dominantes, são dominados por estas. O
filósofo está em movimento, numa viagem que o faz subir da caverna em direção à
luz exterior, não se satisfaz com as ideias feitas e essa viagem é difícil
porque exige disciplina e capacidade intelectual além de coragem para pensar
criticamente acerca de crenças básicas que nos forma transmitidas e aceites de
forma acrítica. Ao perguntar «Será que Deus existe?», «Será que devemos
obedecer a quem nos governa?», «Será que há uma vida para além da morte?», «Será
que é justo pagar impostos ou ser enviado para uma guerra que acho injusta?», o
filósofo abala as crenças estabelecidas, torna – se incómodo e pode ser
considerado herege, adversário do regime, um perigoso despertador das
consciências, um agitador.
Vários sábios como Sócrates, Galileu,
Giordano Bruno, sofreram com a sua ousadia de pensarem por si e de pensarem
diferente dos outros. Andamos tão ocupados com as tarefas do dia a dia (assegurar
o emprego, o sustento dos filhos, boas notas para ir para a universidade ou
passar o ano) que ficamos aborrecidos quando alguém nos convida e tenta
estimular para examinar criticamente as crenças em que temos baseado as nossas
vidas. Ao descer à caverna, o filósofo anuncia que a realidade não é o que os
seus habitantes pensam, que há um outro mundo lá fora. O que pretende ele com
isto? O que quer ele dizer aos seus companheiros? Quer dizer – lhes que não
devem transformar as ideias que receberam em hábitos mentais, que devem tornar
– se filósofos e perguntar: O que justifica essas crenças? Que razões temos –
se é que temos – para pensar que elas são verdadeiras? A mensagem parece-me ser
esta: «O vosso pensamento tem estado preso a crenças que nem se deram ao
trabalho de questionar, aceitaram – nas como se não houvesse alternativa.
Despertem, libertem – se porque não há uma só forma de pensar sobre as coisas.
Aceitem só as crenças que estão apoiadas em bons argumentos. Deixem de ser
conformistas, libertem – se de preconceitos. Não vivam à sombra do pensamento
dos outros, dos que querem que vocês não pensem ou que só pensem como eles».
Parece – me que na alegoria, o filósofo
regressado do mundo luminoso sem o qual nem sombras os prisioneiros veriam, não
lhes diz: «Trago-vos a luz e a verdade». Seria trocar uma prisão por outra. O
que o filósofo lhes diz é: «Façam como eu, afastem os olhos do fundo da
caverna. Saiam da caverna para verem melhor o que está na caverna. Libertem –
se das ideias estabelecidas, distanciem – se delas e reflitam racionalmente
para ver se elas são aceitáveis. Pensem pela vossa cabeça. E nunca aceitem que
uma crença é verdadeira só porque a maioria pensa que é verdadeira. A maioria
pode estar errada. Escolham ser prisioneiros ou homens livres. A escolha é
vossa.».
A
filosofia é isto mesmo: pensamento crítico. O problema que os filósofos enfrentam com as outras
pessoas é que pensar criticamente pode desorientar – nos, podemos sentir que
estamos a ficar sem os pés no chão porque as crenças em que a nossa cultura e a
nossa sociedade se baseia são questionadas. Não gostamos de ter dúvidas. Outro
problema é que normalmente os filósofos chegam a respostas diferentes para o
mesmo problema:uns dizem que somos livres, outros que não; uns dizem que o direito
de governar se deve basear na vontade da maioria e outros no mérito; uns dizem
que as intenções é que contam, outros que as boas ações dependem das
consequências; uns que Deus existe e outros que Deus não existe. E muitas
vezes, os argumentos parecem convincentes de um lado e do outro. Assim, muitas pessoas
pensam que a filosofia nada nos diz e nos deixa confusos. Mas Platão dá a entender que a filosofia procura a verdade embora isso
seja difícil. Creio que haver problemas que devido à sua generalidade e
radicalidade não têm solução científica, não quer dizer que não devamos responder
– lhes. Na verdade, respostas sempre houve. A filosofia dá-nos o método – a
discussão crítica de ideias – para lidar com as respostas que encontramos,
sejam dos filósofos ou não. Esse
método consiste em avaliar a qualidade dos argumentos em que se apoiam as
crenças ou teorias que respondem aos problemas da filosofia. Devemos pensar por
nós e pensar bem. E isso é importante para a nossa formação como seres humanos.
LUIS RODRIGUES
O significado filosófico da Alegoria da
Caverna de Platão
Liberdade versus Determinismo, Justiça e Cidadania
10º ano
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